sexta-feira, 25 de maio de 2012



Moções aprovadas no 12º Congresso Estadual dos Jornalistas de Minas Gerais, realizado nos dias 18,19 e 20 de Maio,encaminhada pela Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas. 



1ª -      Em solidariedade aos 13 operários grevistas da Usina Hidrelétrica de Jirau – Rondônia (um dos maiores canteiros de Obras do PAC), que encontram-se detidos no famigerado presídio Urso Branco por haverem se rebelado contra as péssimas condições de trabalho e por melhores salários. Os operários são submetidos a péssimas condições carcerárias (dormem no chão, sem direito a colchões, tendo limitado o direito a visitas, contam com péssima alimentação e não tem direito sequer a materiais de higiene pessoal, etc.) Denúncias recentes dão conta de que os operários detidos estão sendo constrangidos a assinarem suas rescisões contratuais detrás das grades.


2ª -      Pela imediata libertação dos operários grevistas de Jirau e por uma inspeção da OIT nos canteiros de obras do PAC e dos megaeventos esportivos (olimpíadas e copa do mundo).


3ª -  Em protesto contra os órgãos da chamada ‘grande imprensa’ de Rondônia, a exemplo dos: rondoniavip.com.brrondoniaovivo.com.br, do Estadão do Norte, entre outros, que ignorando e desrespeitando as regras elementares do jornalismo, cumpriram abjeto e anti-jornalístico papel de reprodutor de boletins policiais, estampando fotos das lideranças da greve de Jirau no estilo “procura-se” dos bang-bangs estadunidenses, desqualificando a justa greve, omitindo seus motivos, fazendo coro com as empreiteiras ENESA e Camargo Corrêa, criminalizando e condenando os grevistas.


4ª  -     Em protesto contra o desrespeito aos direitos trabalhistas e aos direitos humanos nos canteiros de obras do PAC e das obras dos megaeventos esportivos, bem como às populações violentamente removidas das circunvizinhanças dessas obras.





quinta-feira, 24 de maio de 2012

Assine o Manifesto pela Liberdade para os operários grevistas de Jirau!


Abaixo-Assinado

Liberdade para os operários grevistas de Jirau!

São Paulo, 22 de maio de 2012.



  Contra o cativeiro, repressão, prisões arbitrárias, torturas e violação
de direitos trabalhistas em Jirau e demais obras do PAC



As entidades e pessoas abaixo listadas expressam veemente repúdio e profunda preocupação com a grave situação sofrida pelos operários da Usina Hidrelétrica de Jirau. Manifestamos-nos particularmente preocupados com a situação dos operários arbitrariamente presos após greve (desde o dia 4 de abril) e que estão encarcerados no complexo penitenciário “Urso Branco”, em Porto Velho, sem ter tido qualquer julgamento e sendo torturados e maltratados.

Conforme constatou o advogado de defesa dos operários presos, eles são obrigados a dormir no frio chão de cimento, lhes é negado o direito a colchão e até mesmo acesso a produtos de higiene e limpeza, bem como lhes é restringida a visita de familiares. Devido às péssimas condições carcerárias a que são submetidos, todos esses trabalhadores estão com diversos ferimentos espalhados pelo corpo, debilitados, deprimidos pela opressão e não tem atendimento médico. As últimas denúncias dão conta de que os trabalhadores presos têm sido forçados a assinar rescisão contratual em “audiências” ilegais montadas dentro da própria penitenciária. Familiares dos presos denunciam que os operários foram encarcerados, cada um em uma cela diferente, em cubículos superlotados, junto com condenados tidos pelo Estado como de alta periculosidade, e temem por suas integridades físicas.

As empreiteiras, particularmente a Camargo Corrêa, responsável pelas obras civis da usina e sócia do consórcio construtor de Jirau (ESBR), bem como membros do governo federal, atacam os operários, taxando-os de “vândalos”, “incendiários” e “bandidos”, enquanto descumprem a legislação trabalhista e os canteiros de obras do PAC são transformados em verdadeiros cativeiros. Em Jirau, Belo Monte e obras do programa “minha casa, minha vida”, como recentemente em Fernandópolis, interior de São Paulo, já foram resgatados operários em condição de trabalho escravo. Em outras obras do PAC, como nas obras dos megaeventos esportivos (copa do mundo e olimpíadas), as condições de trabalho são também muito precárias e em Jirau o canteiro de obras está ocupado por tropas da Força Nacional e PM de Rondônia que reprimem e constrangem os operários.

Há fortes suspeitas da participação da Camargo Corrêa no incêndio que destruiu os alojamentos, dia 3 de abril, pois a construtora tinha interesse em criar distúrbios para justificar o aumento da repressão sobre os trabalhadores e também devido aos grandes interesses econômicos que estão por trás da construção da usina hidrelétrica de Jirau (disputa judicial de pagamento de seguro, negociação de mais aditivo contratual no valor de mais de R$ 1 bilhão e justificar atraso na obra).

O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, desde o inicio da construção é palco de greves e protestos operários. Os operários protestam contra maus tratos, assédio moral, desvio de funções, falta de assistência médica, falta de ambulâncias, ameaças de demissões, alimentação estragada, não pagamento de horas extras, regime de semiescravidão, uso de força policial para coagir trabalhadores, agressões físicas, apropriação de objetos pessoais, alojamentos inabitáveis, transporte coletivo de péssima qualidade, retenção de carteiras de trabalhos, falta de equipamento de segurança adequado e uma lista infindável de outros abusos.

Em março/abril de 2011, explodiu uma grande revolta, mais de 20 mil trabalhadores paralisaram as obras protestando contra péssimas condições de trabalho, reivindicando reajuste salarial entre outras demandas. Um acordo coletivo foi selado pondo fim à greve, mas não foi cumprido por parte do governo federal e do Consórcio Energia Sustentável Brasil. Após a greve de 2011, sucedeu uma onda de repressão e mais de 4 mil trabalhadores foram sumariamente demitidos.

Em 8 de março de 2012, milhares de operários deflagraram mais uma greve, novamente denunciando as péssimas condições de trabalho e reivindicando o cumprimento dos termos do acordo da greve de 2011. A greve foi violentamente reprimida pelas forças policiais, sendo que até a intervenção do Exercito foi pedida pelo setor repressivo do estado de Rondônia. Mais de quatrocentos policiais da Força Nacional e PM ocuparam o canteiro de obras e o operário Francisco de Souza Lima foi morto durante a repressão, dia 3 de abril.

Mais de mil trabalhadores foram demitidos após a greve, a maioria por “justa causa” ou forçados a pedir demissão. Operários foram retirados algemados dos alojamentos ou hotéis onde moravam, sequestrados e mantidos por 2 dias sem alimento e em cárcere privado dentro do canteiro de obras de Jirau. Depois, em espalhafatosa apresentação a imprensa denominada “operação Vulcano” foram expostos como criminosos e levados para o presídio de Urso Branco onde continuam presos nas piores e mais degradantes condições.

A justiça de Rondônia expediu arbitrários 24 mandados de prisão contra os operários grevistas, 12 deles estão encarcerados no presidio “Pandinha”, anexo do “Urso Branco”, e outros 12, que também constam como presos, estão desaparecidos. Outro operário cujo nome não figurava nos mandados de prisão também foi descoberto preso também sob a acusação de haver tomado parte na greve e acusado de incêndio. Até o momento (22 de maio de 2012) apenas três trabalhadores foram libertados mediante habeas corpus.

Exigimos que o governo federal cumpra com os direitos e reivindicações dos operários de Jirau e das demais obras do PAC e dos megaeventos esportivos, que cesse imediatamente a brutal repressão nos canteiros de obras, as prisões arbitrárias e perseguições de operários e lideranças.

Exigimos a libertação imediata dos operários grevistas de Jirau.

Exigimos também a condenação e punição do governo federal, responsável direto pelas obras do PAC, bem como das empreiteiras componentes do Consórcio Energia Sustentável do Brasil e demais empresas e pessoas diretamente envolvidas nesses crimes cometidos contra a Constituição federal, contra as leis nacionais e internacionais do trabalho e contra os direitos humanos.

Assinam:

terça-feira, 22 de maio de 2012

Reproduzimos aqui, vídeos divulgados pelo jornal A Nova Democracia, que o monopólio de imprensa não mostra:
Por Patrick Granja e Ana Lúcia Nunes / A Nova Democracia

Publicado em 11/05/2012
Jornal A Nova Democracia — A Justiça do Trabalho de Rondônia condenou, no último dia 03, as empresas WPG Construções e Empreendimentos Ltda e TPC Construções e Terraplanagem Ltda, e de forma subsidiária o consórcio construtor da Usina de Jirau "Energia Sustentável do Brasil", a pagar aos trabalhadores os salários atrasados, as verbas rescisórias, assinatura da carteira de trabalho e pagamento do custeio com alojamento e três refeições diárias, durante o período que os trabalhadores estiverem aguardando o recebimento dos salários atrasados e verbas rescisórias. Além do reembolso ao Sindicato de todos os valores gastos em alojamento, alimentação e na concessão das passagens para que os trabalhadores regressassem as suas casas.

AND acompanhou de perto a luta dos trabalhadores da WPG e TPC, que foram abandonados pelas empresas e tiveram que enfrentar o peleguismo do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), que insistia em fazer o papel da empresa, solicitando via ação judicial o pagamento somente dos dias trabalhados, não reconhecendo o prejuízo material sofrido pelos trabalhadores desde o desaparecimento dos responsáveis pela empresa, em novembro do ano passado.

O juiz condenou as empresas a pagar os salários atrasados até 07/11/2011, concordando, portanto com a tese do Sticcero e rejeitando a tese do Ministério Público do Trabalho, que argumentava que devido à continuidade do vínculo com a empresa, os trabalhadores deveriam receber até o dia da baixa na carteira de trabalho. Os trabalhadores concordavam com a tese do MPT, preferindo inclusive que o este o defendesse, ao invés do sindicato. Eles alegam que foram prejudicados com o resultado do processo.

Atualmente, a maioria dos trabalhadores já retornou às cidades e estados de origem. Segundo um trabalhador ouvido por nossa reportagem, eles foram contactados pelo MPT e pela Justiça Federal, que já possuem todos os dados bancários e de contatos de todos os trabalhadores. Mas ainda será necessário esperar pela manifestação das empresas e pelo cumprimento da sentença.
A desconfiança dos trabalhadores é grande, já que não podem confiar no Sindicato. Na sentença, ficou claro o conflito entre trabalhadores, MTP e Sticcero, sendo que este último chegou a acusar o MPT de colocar os trabalhadores contra o sindicato.

No dia 27 de abril, logo após o fim da audiência, o sindicato cancelou o alojamento e a alimentação dos trabalhadores. O sindicato alega que a situação já foi resolvida e que os trabalhadores receberam passagens para voltar para casa. Mas uma comissão decidiu continuar em Porto Velho e seguir lutando pelo reconhecimento de todos os seus direitos.

Publicado em 21/05/2012 
Jornal A Nova Democracia — A greve dos trabalhadores da Usina de JIRAU, em Porto Velho, acabou no dia 2 de abril. Apesar da propaganda da volta a normalidade na usina, nossa reportagem verificou in loco que a situação não é tão pacífica quanto o monopólio dos meios de comunicação e a empresa tentam mostar. Mais de dois mil trabalhadores deixaram a obra no último mês. Muitos deles foram demitidos, mas uma grande parte não suportou as condições de trabalho na usina e decidiu voltar para casa. A situação é bastante complicada para os operários que saíram de diversas partes do país iludidos com as promessas de salário na Usina de JIRAU.

Com o fim da greve, a polícia de Rondonia empreendeu uma verdadeira caçada a um grupo de trabalhadores. Mesmo sem provas, eles foram acusados pelo ministério público de atearem fogo aos alojamentos. O incêndio ocorreu no dia dois de abril, após o fim da greve. Eles estão presos no presídio urso panda, em porto velho. Segundo o advogado dos operários eles estão sofrendo maus-tratos. Até agora não foram apresentadas provas de que os operários presos estariam implicados no ato.

A greve, que ocorre pela segunda vez, foi iniciada em março de 2011. Os trabalhadores reivindicavam melhores condicoes de trabalho, salários e assistencia ao trabalhador. Durante a greve, vários trabalhadores se mostraram descontentes com a atuação do sindicato da categoria, o Sticcero. O sindicato pediu várias vezes ao trabalhador que atendesse ao apelo das empresas e retornasse aos trabalho.

Com o fim da greve, algumas vitórias foram conquistadas, mas ainda restam várias reivindicações, como a saída da polícia da obra e melhorias no plano de saúde. Nos últimos dias, os trabalhadores que fizeram parte da comissao de negociação estavam sendo ameçados de não poderem voltar ao trabalho. Durante a permanencia da nossa reportagem em Porto Velho, alguns elementos da CUT, a Central Única dos Trabalhadores, tentaram intimidar nossa equipe numa reuniao de negociação entre os trabalhadores e a empresa.




Trabalhador relata espancamentos cometidos por policiais no canteiro de Jirau

Operários que ainda permanecem no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, revelam estar sob vigilância permanente desde a última greve, encerrada no início de abril.
 (1’49” / 426 Kb) - Operários que ainda permanecem no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, revelam estar sob vigilância permanente desde a última greve, encerrada no início de abril. Na ocasião, um incêndio destruiu mais da metade dos alojamentos.
Pelo menos 11 trabalhadores foram responsabilizados e presos. Outros 2 mil foram dispensados. Em entrevista concedida ao jornal A Nova Democracia, um dos operários descreve cenas de agressão e afirma que elas se repetem constantemente.
“Dentro de uma obra dessas, há milhares de pais de família atrás do sustento. Ninguém é bandido, ladrão, muito menos homicida para se sentir coagido pela Polícia. Eles estão ali não para defender os trabalhadores, mas sim o patrimônio da empresa. Todos se sentiam ameaçados porque qualquer ato ou movimentação poderia gerar uma repressão. Muitos trabalhadores foram espancados na portaria da empresa por policiais e funcionários.”
Os baixos salários, a falta de atendimento médico e as más condições de trabalho foram fatores que motivaram a greve, a exemplo do ocorrido um ano antes.
No mês de março de 2011, 80 mil trabalhadores de diferentes obras estavam em greve devido a condições de trabalho ruins. Somente nas duas usinas do Rio Madeira – Jirau e Santo Antonio – o Ministério do Trabalho fez 2 mil autuações por violações à legislação trabalhista.
Em maio do mesmo ano, um relatório elaborado pela Plataforma Dhesca denunciou que as famílias atingidas foram realocadas para uma área onde não podem plantar nem pescar. O documento demonstra que os impactos foram subestimados. Centenas de crianças estão fora da sala de aula, a qualidade de vida das comunidades piorou e houve aumento expressivo nos índices de violência.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Camargo Corrêa e ENESA forçam operários a assinar demissão na cadeia



Os operários de Jirau detidos na penitenciária Urso Branco estão sendo forçados pelas empreiteiras Camargo Corrêa e ENESA a assinarem suas demissões detrás das grades.

O operário Jhonata Lima, no dia 16, foi conduzido por policiais para um local onde estavam advogados e juízes dentro do presídio, em que ocorria uma suposta “audiência”. Lá ele foi obrigado assinar sua rescisão contratual.

Há também denúncias dos operários presos sobre as agressões praticadas por policiais da COE (Companhia de Operações Especiais da PM de Rondônia) contra os trabalhadores nos canteiros de obras e que as empreiteiras estariam pagando a polícia para reprimir os operários na obra.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Operários de Jirau presos e torturados no Presídio Urso Branco, sem atendimento médico e correndo risco

Torturas e sofrimentos infligidos no cárcere aos operários é ainda pior do que em 2011     
Porto Velho, 16 de maio de 2012


Assunto: Operários de Jirau presos e torturados no Presídio Urso Branco, sem atendimento médico e correndo risco de morte.

Enviamos essa carta-denúncia a imprensa, ao governo, partidos políticos, entidades sindicais, e responsabilizamos diretamente ao governo federal Dilma Rousseff, governo de Rondônia Confúcio Moura, ministros Gilberto Carvalho, José Eduardo Cardoso e Edison Lobão, o PT, Pecedobê, PDT, a CUT, CTB, por qualquer dano ou outra coisa mais grave que vier a ocorrer com os companheiros operários grevistas da obra da usina hidrelétrica de Jirau – Rondônia, que estão arbitrariamente encarcerados no hediondo presídio Urso Branco (anexo “Pandinha”), em Porto Velho, sendo torturados, humilhados e recebendo o mesmo tratamento dispensado pelo Estado aos que são considerados como criminosos da pior espécie. 

Muito ao contrário do tratamento dado aos políticos ladrões e outros corruptos que metem a mão nos cofres públicos e outros que assassinam milhares de pessoas por fome ou “acidentes de trabalho”. O “crime” que alegam que foi cometido por esses operários foi a participação na paralisação por melhores condições de trabalho e melhores salários, ocorrida entre os dias 8 de março a 3 de abril/2012. São funcionários das empresas Construtora Camargo Corrêa e Enesa Engenharia, aprisionados desde os dias 4 e 5 de abril.
 
Os operários foram retirados algemados dos alojamentos ou hotéis onde estavam alojados, sequestrados e mantidos por 2 dias sem alimento e em cárcere privado dentro do canteiro de obras de Jirau e depois levados para o presídio de Urso Branco onde estão presos nas piores e mais degradantes condições. Os operários são obrigados a dormir no frio chão de cimento, é negado a eles colchões e até materiais de higiene e limpeza, bem como é restringida a visita de familiares. O operário Julimilson Souza encontra-se enfermo, sangrando pelo nariz e não tem acesso a qualquer tratamento médico, bem como os demais. Devido as péssimas condições carcerárias a que são submetidos, todos esses trabalhadores estão com diversos ferimentos espalhados pelo corpo, debilitados e deprimidos pela opressão. Estão jogados em celas separadas, superlotadas e junto com condenados tidos como de alta periculosidade e com as integridades físicas em risco.
 
Na esteira da repressão desencadeada contra a greve pela Camargo Corrêa, demais empreiteiras e governo federal Dilma Rousseff e estadual Confúcio Moura, foram demitidos mais de mil trabalhadores em Jirau e emitidos 24 mandados de prisão contra os operários João de Lima Fontinele, Cícero Furtado da Silva, Antônio Luis Soares Silva, Ismael Carlos Silva Freitas, Lucivaldo Batista Moraes Castro, Antônio da Silva Almeida, Elielson Silva do Nascimento, Sebastião da Silva Lima, Herbert da Conceição Nilo, Joilson Messias Tim, Leonilson Macedo Farias, José Ribamar dos Santos, Nailson Serrão Souza, Alexsandro Macedo Pinheiro, Silvan Oliveira dos Santos, Franklin Francisco de Carvalho, Roberto Carlos Pereira Lira, Antônio Genilson Machado da Silva, Noberto Amaral Filho, Jonas Cordeiro Bessa, Manoel Nascimento do Rosário, Jhonata Lima Carvalho, Julimilson Sousa de Oliveira, Carlos Moisés Maia da Silva.
 
O governo e a justiça agem em conluio e a serviço da classe patronal; acusa os operários de terem cometido crimes de “incêndio, dano, extorsão, formação de quadrilha ou bando, constrangimento ilegal e furto qualificado” e os mantêm ilegalmente aprisionados e sendo torturados no presídio masmorra de Urso Branco. O advogado Dr. Ermógenes Jacinto de Souza, a nosso pedido, fez levantamentos junto aos órgãos carcerários e localizou 12 operários presos no presídio Urso Branco (são eles, Joilson, Nailson, Alexsandro, Franklin, Roberto, Genilson, Noberto, Jonas, Manoel, Jhonata, Julimilson e Carlos); os outros 12 cujos nomes constam nos mandados de prisão não foram localizados até o momento e o Estado é obrigado a dar explicações sobre o paradeiro desses trabalhadores. Através de Habeas Corpus foram liberados os operários Franklin, Manoel e Joilson. Outro operário de Jirau, que não consta na relação dos 24 nomes, Raimundo Braga da Cruz Souza, 22 anos, foi também localizado preso no Urso Branco, acusado de “incêndio” e sua audiência de instrução e julgamento está marcada para o próximo dia 28 de maio, às 10:30 horas na 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia.
 
Há fundadas evidências de que o incêndio que destruiu os alojamentos, no dia 3 de abril, foi feito pela própria construtora Camargo Corrêa, que tinha interesse em criar distúrbios para justificar o aumento da repressão sobre os trabalhadores e também devido aos grandes interesses econômicos que estão por trás da construção da usina hidrelétrica de Jirau (disputa judicial de pagamento de seguro, aditivo de contrato no valor de mais de R$ 1 bilhão e justificar atraso na obra).
 
Estes operários da UHE de Jirau estão sendo torturados e foram encarcerados em presídio sem passar por qualquer julgamento. Tal situação serve a politica de intimidação dos trabalhadores da construção, em particular das obras do PAC e estádios de futebol, que se levantam em todo o país realizando paralisações contra as péssimas condições de trabalho. A finalidade dessas arbitrárias prisões é uma só: frear as justas reivindicações operárias.
 
Os operários da construção e todos trabalhadores país devem levantar um grande clamor contra isso e contra o massacre cotidiano perpetrado pelas empresas nos canteiros de obras e demais locais de trabalho. Uma campanha de luta pela imediata libertação está sendo desenvolvida. Foi criada uma página na internet: http://liberdadeoperariosdejirau.blogspot.com.br/.
 
O movimento sindical classista do nosso país, independente e que não está no bolso do governo nem corrompido pelas empreiteiras exige: Liberdade para os companheiros grevistas de Jirau presos!
 
Abaixo o arrocho salarial e as péssimas condições de trabalho, trabalho escravo, mutilações e mortes nos canteiros de obras e demais locais de trabalho!

LIGA OPERÁRIA

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pedido de Habeas Corpus - Tribunal de Justiça de RO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDONIA.


ALEXSANDRO MACEDO PINHEIRO, brasileiro, operário, preso desde 05 de abril de 2012 no Presídio denominado PANDINHA nesta Capital por força dos fatos mencionados no INQUÉRITO POLICIAL0004388-89.2012.8.22.0501 da 10ª Delegacia de Policia de Nova Mutum e PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA0003952-33.2012.822.0501 deferido pelo D.Juízo da Primeira Vara Criminal da Comarca de Porto Velho,por seu advogado,in fine assinado,ut instrumento de mandato incluso, Ermógenes Jacinto de Souza, brasileiro,divorciado, OAB/RO 2821, com endereço profissional na Rua Monte Azul, 1810-B.Conceição – Porto Velho-RO, Fones: 69-99121685; 81046831;84811791; 92005036; 92152269 vem impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR contra o ato abusivo e ilegal do Exmo. Sr. Juiz de Direito da Primeira Vara Criminal da Comarca de Porto Velho, Estado de Rondonia, o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir:

Patativa do Assaré já bradava em favor dos operários

Vídeo do poeta popular, o mestre Patativa do Assaré, 
declamando poema em favor dos operários e camponeses do Brasil.



 Seu Dotô me Conhece?
Patativa do Assaré

Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece
Nunca sôbe quem sou eu
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça,
E os fio que Deus me deu.

Se não sabe, escute agora,
Que eu vô contá minha história,
Tenha a bondade de ouvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasil.

Sou aquele que conhece
As privação que padece
O mais pobre camponês;
Tenho passado na vida
De cinco mês em seguida
Sem comê carne uma vez.

Sou o que durante a semana,
Cumprindo a sina tirana,
Na grande labutação
Pra sustentá a famia
Só tem direito a dois dia
O resto é pra o patrão.



Sou o que no tempo da guerra
Contra o gosto se desterra
Pra nunca mais vortá
E vai morrê no estrangêro
Como pobre brasilêro
Longe do torrão natá.

Sou o sertanejo que cansa
De votá, com esperança
Do Brasil ficá mió;
Mas o Brasil continua
Na cantiga da perua
Que é: pió, pió, pió...

Sou o mendigo sem sossego
Que por não achá emprego
Se vê forçado a seguí
Sem direção e sem norte,
Envergonhado da sorte,
De porta em porta a pedí.

Sou aquele desgraçado,
Que nos ano atravessado
Vai batê no Maranhão,
Sujeito a todo o matrato,
Bicho de pé, carrapato,
E os ataques de sezão.

Senhô dotô , não se enfade
Vá guardando essa verdade
Na memória, pode crê
Que sou aquele operário
Que ganha um nobre salário
Que não dá nem pra comê

Sou ele todo, em carne e osso,
Muitas vez, não tenho armoço
Nem também o que jantá;
Eu sou aquele rocêro,
Sem camisa e sem dinhêro,
Cantado por Juvená.

Sim, por Juvená Galeno,
O poeta, aquele geno,
O maió dos trovadô,
Aquele coração nobre
Que a minha vida de pobre
Muito sentido cantou.

Há mais de cem ano eu vivo
Nesta vida de cativo
E a potreção não chegou;
Sofro munto e corro estreito,
Inda tou do mermo jeito
Que Juvená me deixou.

Sofrendo a mesma sentença
Tou quase perdendo a crença,
E pra ninguém se enganá
Vou deixá o meu nome aqui:
Eu sou fio do Brasil,
E o meu nome é Ceará.



Eu Quero
Quero um brado altaneiro
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha
Eu quero o operário isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro
À bem da nossa libertação
Quero o apoio da nação
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente, meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil

 
                  Adaptação do Poema “Eu Quero” de Patativa de Assaré/ Antônio Gonçalves da Silva 
Do livro:  "Cante lá, que Eu Canto cá, Ed. Vozes, 1978, RJ