Os operários da obra da Camargo Corrêa, no Estrela Dalva/Buritis, entraram em greve na manhã do dia 1/6, depois do flagrante de trabalho escravo ocorrido no dia anterior por uma equipe formada pela Procuradora do Ministério Público do Trabalho, seis Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Polícia Federal. A greve aconteceu na obra Camargo localizada no bairro Buritis, na rua Manila,90, uma região rica de Belo Horizonte.
A paralisação foi no canteiro de obras do luxuoso empreendimento da Camargo Corrêa – “Acquaclube” (três torres de 20 andares com 384 unidades – vasta área verde, piscinas, quadras, churrasqueiras, fitness, saunas, salão de festas, etc.) Os operários em greve, em sua maioria foram aliciados na Bahia (cidades de Araci/Serrinha/Coité/Euclides da Cunha). São mais de 25 “gatos”/subempreiteiras que atuam nesta obra prestando serviço para as grandes construtoras Tecco/Camargo Corrêa e que submetem os operários a trabalho escravo e alojamento em situação em situação desumana. Aproveitam do fato desses trabalhadores serem tangidos pelo latifúndio e pela seca de suas regiões, para impo-los a um regime de escravidão.
A Camargo e suas subempreiteiras se utilizam da fragilidade dos trabalhadores migrantes, do analfabetismo e o grau de desorganização da classe para burlar todos direitos trabalhistas. Muitos trabalhadores não tem sequer a carteira de trabalho assinada, não batem ponto, não recebem os direitos constantes na Convenção Coletiva de Trabalho, como cesta básica, hora extra 100%, kit higiene, etc. Também são submetidos a trabalho escravo operários de outras grandes e luxuosas obras do Belvedere e Nova Lima, das construtoras Patrimar e Masb.
COM A PARALISAÇÃO, FOI DESCOBERTO QUE NO DIA 12 DE FEVEREIRO FOI ENCONTRADO MORTO DENTRO DA OBRA O OPERÁRIO MARCELO SILVEIRA DA SILVA, 37 ANOS, NATURAL DA CIDADE DE COITÉ, DA BAHIA. A EMPRESA ABAFOU O CASO.
Uma pilha de carteiras de trabalho de operários que já foram demitidos e mandados de volta para a Bahia encontram-se na casa do empreiteiro Marcos Romildo Oliveira – construtora Mudar – “gato” da Camargo Corrêa/Tecco Engenharia. A casa do “gato” Romildo fica na Rua 21, nº46 – Jardim da Eliana – Vespasiano. Os operários são enganados com a promessa que os seus pagamentos serão depositados e acabam ficando sem o dinheiro do acerto trabalhista e sem os documentos. Tudo isso acontece com a cumplicidade da construtora Camargo Corrêa/Tecco Engenharia.
Flagrante de trabalho escravo na Camargo Corrêa, Patrimar e Masb
Na noite desta quinta-feira, 31/5, foi feito flagrante das condições de trabalho escravo por uma equipe formada pela Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Dra. Maria Beatriz, seis Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Polícia Federal. Diretores do Sindicato MARRETA também estiveram no local. Foi constatado as condições degradantes e desumanas a que são submetidos os operários terceirizados das grandes Construtoras Camargo Corrêa, Patrimar, Masb e Tecco.
Foram descobertos mais de quinze barracos servindo como precários alojamentos onde foram amontoados trabalhadores utilizados por essas ricas empresas Camargo Corrêa, Patrimar, Masb e Tecco, que edificam prédios de altíssimo luxo no Buritis, Belvedere e Nova Lima, e em outras regiões. Foram verificadas as degradantes condições impostas aos operários: alojamentos em barracos fétidos, totalmente insalubres e inseguros, lotados, com operários dormindo em beliches empilhadas ou até mesmo no chão, tendo que cozinhar parca alimentação, descalços, sem camisa.
Nesses locais não existe nem refeitório adequado, não tem agua potável – os operários usam agua da torneira da pia para beber e cozinhar, na maioria dos barraco só tem um chuveiro e o mesmo é frio. Não há sequer copos nem água potável, os trabalhadores se revezam para utilizar o único banheiro do local e para lavagem de roupas. Os operários não tem fornecimento de roupas de cama, dormem no colchão sem nenhuma coberta ou com molambos, não tem sequer alimentação adequada. Os poucos utensílios existentes, como fogão velho, botijão, etc., é descontado do salário dos trabalhadores.
O operário acidentado, Cosme dos Santos Goes, 21 anos, foi descoberto jogado no precário alojamento sem atendimento médico. Ele está com o calcanhar muito inchado devido acidente de trabalho ocorrido há 9 dias por causa de uma queda de altura de mais de 3 metros, do guarda-corpo da obra, após quebra do assoalho podre quando fazia serviço de limpeza do entulho.
As empresas descumprem a legislação trabalhista pagando salários com valores abaixo da convenção coletiva vigente; os “gatos” obrigam os trabalhadores a assinarem recibos com valores acima do que efetivamente recebem, são descontadas as passagens de vinda para Belo Horizonte e também as de volta, e pelas contas dos “gatos”, em conluio com as grandes empresas, os trabalhadores sempre estão devendo a firma. Os trabalhadores são impedidos de bater o cartão de ponto no caso das horas-extras que são anotadas pelos encarregados a parte e depois sofrem desfalque no pagamento.
A ação de fiscalização foi feita nos becos da favela da RUA ALEXANDRE LEVI, NºS 12 E 73- BAIRRO ESTRELA DALVA – E RUA DONA MARIA FERREIRA, NºS 250 E 345 – BAIRRO HAVAI. A maioria dos trabalhadores foram aliciados e explorados pelo gato Marcos Romildo de Oliveira – Construtora Mudar, sub-empreiteiro da Construtora TECCO e Camargo Corrêa, mas também foram descobertos operários trabalhando nas Construtoras Patrimar e Masb. Foi descoberto que a Patrimar também aloja precariamente, em todas suas obras, 2 ou 3 operários vindos da Bahia, para exercerem seu trabalho durante o dia e a noite funcionarem como vigias. Nas obras da Patrimar não tem vigias contratados.